quarta-feira, 1 de julho de 2009

Para cada página, alguma boa dose...

Eu e minhas dolores...
Prefácio antigo e batido, remonta aos vagos tempos - mas vamos às lamentações!
Estive pensando sobre as cores e os esquimós (talvez alguma outra civilização da qual eu não me lembro o nome), mas fiquemos com os esquimós. Nenhuma relação com a estação, tampouco com qualquer boa notícia monocromática. A relação consiste basicamente numa informação antiga e não muito confiável, mas que desde de então vem me servindo, às vezes como metáfora, às vezes como lição, não sei. O fato é que um "disseram" bem indeterminado me passou a informação de que os esquimós enxergam cerca de cinco ou seis tonalidades da cor branca, de maneira contrária desconhecem algumas cores ocidentalmente corriqueiras, como o verde, o amarelo, enfim! Da sorte que eles enxergam um número muito pequeno de tons, perto do que enxergamos e, aqui reside a genialidade, tudo isso se explica pelo simples fato de que desconhecem completamente todas as outras (as cores).
Tal constatação, inicialmente simplória e precária, remeteu-me a uma angústia crônica: por que raios um dia eu invadi o silêncio do meu dicionáro para ir ao encontro do vocábulo "nostalgia"? Que ficasse eu com os analgésicos, amando-os pelo alívio instantâneo sem sequer imaginar o tamanho do leque que abrange a raíz de sua significação, ou significações. Tamanho é o prejuízo que nos é causado pela linguagem - eis, então, o verdadeiro poder do verbo!
Lembrei-me da bíblia; e do Famigerado, de Rosa.
Depois, adentrei a substância específica (aos que acompanharem meu raciocínio, não me refiro ao polvilho) e recordei Ulisses; o do Homero. E de algum outro livro do Kundera, que não é Rizíveis Amores e nem a Insustentável leveza do ser. Por fim, caí incisivamente sobre a vertigem de tudo o quanto se nega a cada ano a abandonar minha mente, Era Ela.
Colecionar saudades - talvez seja um exercício. Mas a nostalgia não cabe em significação alguma; e nem dentro do peito. Explode, frequentemente, em tragos de conhaque - mas deixemos pra lá esse lirismo.
Eu volto a falar dele, vem tudo no terno e eterno retorno (Ah, Friedrich!). E então recordo Nietzsche; e algum outro livro, talvez também do Kundera. Tenho vontade de ler tanta coisa, mas carrego uma biblioteca vasta em minha mente, o que me traz a sensação de ser de um arcabouço empoeirado (essas velharias todas).
A palavra me remete à lembrança, que me remete ao peito, que me remete à origem, que me remete ao leito (o qual ainda nem encontrei).
Eu hoje continuo buscando o dicionário, mas ao invés de ir ao encontro, prefiro investir de encontro ao vocábulo nos-tal-gia - maldita combinação greco-roma que cospe essas doses insuportáveis de lirismo no seio da América Latina.
Mas, para a minha alegria e de tantos outros (os perseguidos pelo vocábulo), há sempre contra qualquer dicionário um bom catálogo de destilados. E, por falar nisso, esta narrativa anda lírica demais, preciso perder (ou ganhar) mais tempo na página da "Ironia"... seja na do dicionário, na de Kieekiegard, ou, invariavelmente, na da minha própria vida -
Entorno o eterno retorno - Até!

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