.
(ou Guimarães proteja a minha meta-fora)
.
Se a distância era também para lá necessária, tão além ou aquém do nosso espaço comum, não haveria de causar tamanho desconforto...
_ Foi a frase na qual eu quis crer, com a força de uma ou duas inversões sintáticas nobres.
Mas para o que me incomodava, de fato, não havia alopatia linguística.
(Homeopatia estava fora dos meus planos - eu sabia que precisava de medidas urgentes).
Dois ou três versos lançados numa noite estranha. E não é que disso tudo nasceu um poema?
Inútil, do ponto de vista pragmático da minha angústia.
E ridículo... reforçando em mim a sensação de que o Pessoa tem sempre razão
("todas as cartas de amor são blábláblá...).
Mas não era uma carta de amor. E na verdade talvez não fosse nada.
Quem sabe a consequencia de estar mal disposto, coisa de quem é pego pela metafísica numa madugada sem o menor resquício de cacau ou nicotina.
Mas se havia, de fato, metafísica, a minha maior certeza naquele momento é de que não havia meta-física alguma.
Talvez alguma metáfora. Seguida de metas-fora muito mais insistentes.
Aliás, tão insistentes quanto inúteis, como também o foi o poema.
Um dos versos, que contrariando o texto como um todo não me pareceu inútil, veio do menino que mora longe -
Lá onde o rio seca dos dois lados, e deixa no meio preso o meu barco.
O menino cuja retórica tem se impregnado em minha pele ultimamente.
O mesmo da tal melodia doce, que me fez nunca mais esquecer aquela voz.
Mas o que eu precisava mesmo acreditar é que em algum momento, como sempre foi de costume, algumas duas ou três páginas escritas me trariam paz de espírito.
Cheguei a arriscar um "...(derrogado)..." -
Graças à materialidade das reticências consegui poupar mais uma retórica inútil
(e fernandopessoanamente ridícula).
Depois me lembrei, enfim, que aquele nome de lá remonta a uma corredeira salgada talvez distante da minha -
Que desce o Rio...
O Rio que sempre foi minha metáfora, diga-se de passagem.
E diga-se sobre a passagem que se eu tivesse a graça de lá ser lançada cuidaria de me desfazer dos remos, pelo prazer de permanecer à deriva.
À deriva naquela travessia serena, recordando o menino que pitava um palheiro e torcendo pra não ter restado num barco de madeira burra.
Mas a essência de tudo vinha da certeza maior de que a irremediável razão do Pessoa não me trazia alívio, embora operasse um certo consolo.
Ao que eu quis, enfim, me livrar daquela narrativa longa e encravadamente impregnada.
Pra conseguir não voltar mais a essa história do Rio...
(ou Guimarães proteja a minha meta-fora)
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Se a distância era também para lá necessária, tão além ou aquém do nosso espaço comum, não haveria de causar tamanho desconforto...
_ Foi a frase na qual eu quis crer, com a força de uma ou duas inversões sintáticas nobres.
Mas para o que me incomodava, de fato, não havia alopatia linguística.
(Homeopatia estava fora dos meus planos - eu sabia que precisava de medidas urgentes).
Dois ou três versos lançados numa noite estranha. E não é que disso tudo nasceu um poema?
Inútil, do ponto de vista pragmático da minha angústia.
E ridículo... reforçando em mim a sensação de que o Pessoa tem sempre razão
("todas as cartas de amor são blábláblá...).
Mas não era uma carta de amor. E na verdade talvez não fosse nada.
Quem sabe a consequencia de estar mal disposto, coisa de quem é pego pela metafísica numa madugada sem o menor resquício de cacau ou nicotina.
Mas se havia, de fato, metafísica, a minha maior certeza naquele momento é de que não havia meta-física alguma.
Talvez alguma metáfora. Seguida de metas-fora muito mais insistentes.
Aliás, tão insistentes quanto inúteis, como também o foi o poema.
Um dos versos, que contrariando o texto como um todo não me pareceu inútil, veio do menino que mora longe -
Lá onde o rio seca dos dois lados, e deixa no meio preso o meu barco.
O menino cuja retórica tem se impregnado em minha pele ultimamente.
O mesmo da tal melodia doce, que me fez nunca mais esquecer aquela voz.
Mas o que eu precisava mesmo acreditar é que em algum momento, como sempre foi de costume, algumas duas ou três páginas escritas me trariam paz de espírito.
Cheguei a arriscar um "...(derrogado)..." -
Graças à materialidade das reticências consegui poupar mais uma retórica inútil
(e fernandopessoanamente ridícula).
Depois me lembrei, enfim, que aquele nome de lá remonta a uma corredeira salgada talvez distante da minha -
Que desce o Rio...
O Rio que sempre foi minha metáfora, diga-se de passagem.
E diga-se sobre a passagem que se eu tivesse a graça de lá ser lançada cuidaria de me desfazer dos remos, pelo prazer de permanecer à deriva.
À deriva naquela travessia serena, recordando o menino que pitava um palheiro e torcendo pra não ter restado num barco de madeira burra.
Mas a essência de tudo vinha da certeza maior de que a irremediável razão do Pessoa não me trazia alívio, embora operasse um certo consolo.
Ao que eu quis, enfim, me livrar daquela narrativa longa e encravadamente impregnada.
Pra conseguir não voltar mais a essa história do Rio...
Que seca dos dois lados, e deixa no meio preso o meu barco.
[Auto-retrato nu, em inversão de pop art.
Enquanto a publicação for uma faculdade, meu baú de desescritos se fará cada vez mais farto.
E eu continuarei seguindo, na tentativa de me livrar daquela narrativa tão incisivamente impregnada.
E seguirei, continuamente, resistindo...
À tentação de promover a junção da minha tão irresignada
META-FORA].
[Auto-retrato nu, em inversão de pop art.
Enquanto a publicação for uma faculdade, meu baú de desescritos se fará cada vez mais farto.
E eu continuarei seguindo, na tentativa de me livrar daquela narrativa tão incisivamente impregnada.
E seguirei, continuamente, resistindo...
À tentação de promover a junção da minha tão irresignada
META-FORA].