domingo, 7 de novembro de 2010

Paradoxo Anteprolixo e Antiprolixo: Relatos de Uma Praticidade Extremamente Romântica

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("_Só tenta não morrer antes de ver o que tem detrás da porta")
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E o nosso "até" ganhou reticências...
Cinco breves minutos para se perceber uma coisa óbvia.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"O Declínio do Império Americano" e "As Invasões Bárbaras"

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(Eram estes os nomes dos filmes?)
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"_ Ó, então tá combinado assim: nada do que você fizer é por minha culpa.. e nada do que eu fizer é por culpa sua."
Ele me disse isso na mesa e eu pensei na síntese dos relacionamentos contemporâneos.
Não tinhamos um relacionamento. É óbvio que não tinhamos.
Éramos amigos e discutiamos relações alheias numa mesa de um café.
Até porque, se discutissemos a nossa, certamente não teriamos alcançado qualquer conclusão semi-lúcida.
Estavamos há 30 ou 40 minutos sob o mesmo café já frio decidindo entre o açúcar e o adoçante e trocando reflexões sobre um assunto deixado ao acaso, por um de nós, a partir de uma recordação que envolvia os Irmãos Karamazovi e dois ou três casais anônimos citados.
Apesar de não nos posicionarmos pessoalmente a respeito do tema, ele falava com propriedade sobre aquilo como se fosse algo intangível, a nós. A nós separadamente, é claro! Mas dentro dos nós sobre os quais nos envolviamos, naquele fim de tarde.
Ele falava com propriedade sobre aquelas coisas todas das quais nos distanciávamos com olhar de cientista já infectocontaminado; e eu pensava sobre a minha vida.. com a inquietação que vinha da nossa parelha na tangente daquela conversa me causando um eco mental assim resumível: "Não é possível que ele não se sinta assim!"
Mas ele continuava tranquilo e sorria de lado ("a mulher do lado e seja o que Deus quiser!") - não é porque eu vim de Brasília que eu deveria compreender o arquiteto melhor do que ele. Até porque, mais do que qualquer construção, era a desconstrução que permeava o imaginário daquele nosso assunto - queríamos chegar a uma conclusão e não podíamos.
60 ou 70 minutos mais tarde e já queriam fechar o café - ele então finalmente deixara de sorrir de lado pra vestir a capa daquele nosso arquétibo até então ali conversado em tom de alucinação coletiva, mas não nossa. A realidade da presença enfim trouxe à conversa um "quê" mais humano, ao que eu disse à minha inquitação: "Tá vendo! Ele se sente. Sabia que ele sentia". É óbvio que eu me senti prepotente por tentar concluir dele um sentimento, mas a teoria está aí pra isso e na nossa existência cartesiana buscar a lógica em tudo é o pior dos vícios.
Trocamos o café (que fechou) por cerveja e falamos sobre futebol e ditadura comunista - eu nunca soube nada além da Elza Soares a respeito do Garrincha mas falamos sobre a copa de 1970 e eu consegui me integrar no assunto.
Depois fomos pra casa. Cada um pra sua. Mas no caminho uma parada no bar: ele no dele, eu no meu. E eu não sei o que ele pensou depois disso mas eu cheguei em casa e derrubei uma caixa de grafites 0.5 que eu tentei abrir correndo pra anotar a bendita frase:
"Ó, então tá combinado assim: nada do que você fizer é por minha culpa.. e nada do que eu fizer é por culpa sua.." - e foram felizes para sempre.
Na teoria dele aquilo resolvia 02 dos problemas dos relacionamentos contemporâneos, mas eu conseguia ali enxergar como resolução pra mais pelo menos uns 300. Preferi não pensar no assunto - tinhamos, naquela tarde, conversado também sobre ser prolixo, teórico e antipragmático.
A objetividade é uma meta.. e vem de aspirações quase tão urgentes quanto as pragmáticas.
E então eu abri um livro sobre cultura e política de 64 a 68 e fui entender aquela tal história sobre o Garrincha e a copa de 1970.
Rasguei do papel aquele aforismo que eu não consegui apagar da memória... e decidi definitivamente não teorizar mais sobre relacionamentos.