sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dos males...

Ah, se os males da alma fossem tão curáveis quanto os do corpo...
O que mata, senhor, é que séculos passam e a história é a mesma: sequer um antídoto, quiçá temporário. Das físicas e da física nada se tira que possa agir em proveito do ânimo (sim, de anima, bem mais incisivo que alma, com a licença de nosso Português). Mas, em todo caso, mudam-se os nomes, renomes, CIDs e até mesmo demônios na era do pluralismo religioso - tudo para o quê no fundo é explicável por uma simples patologia crônica: o imenso tédio angustiante de viver. E por que eu não me mato? Ah, vá lá, senhores! Com vossa licença, me viro muito bem: com tragos, discos, livros e tudo de poético que a vida tem. O mal não está no mundo, enfadonho é o ser humano - Ao que pergunto: Se são malíficos os atores da peça, também em conjunto padecerá a beleza do canário? (...)
Aprecio as belezas da vida! Acho paisagens solenes, poesias belas e aprecio com moderação minhas viagens sem roteiro, físicas ou metafísicas. O problema consiste em olhar pra dentro (Chamo Pessoa:) _ "Porque, de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas e ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos...", enfim.
Acalmem-se todos, senhores! É só um estado de espírito. Acontece que hoje ao acordar e olhar para o mundo senti tudo enfadonho. Amanhã pode ser diferente; e assim tenho crido todas as manhãs, desde a primeira em que respirei a consciência de existir!rs
rs... Ah, saudosa ironia! Salvaste Kieekiegard da forca e levaste Nietzsche à loucura(...). Eu e meus filósofos, deixe-os cá! Por que haveria eu de citar políticos ou jornalistas ou artistas ou a última loirinha fútil e pop de holywood ou o último jogador de futebol másculo, milionário e acompanhado desta mesma loirinha, a citada anteriormente?
Ah, maldade! A ti não me entrego. Mas não posso me furtar a rir dessas vicissitudes da vida. O contingente sempre acima do necessário - Viva o Ronald (o filho do Ronaldinho ou o Mc Donald) e todas as criaças subnutridas africadas esmagadas pelo neoliberalismo (estampando desde a minha calça jeans até o meu notebook, de onde posto esta lamúria de agora).
Mas enfim... eu estava falando dos males da alma - e voltarei a eles - (Vem, Pessoa!): "Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come!" -
E assim agarro eu minha barra de chocolates da "blá blá blá S.A" (aquela, da indústria, do cacau e dos trabalhadores imundos em condições sub-humanas que provavelmente ajudaram a extraí-lo - Lembrei Gullar, com seu "Açucar".rs) e caminho de volta pra casa.
- Ainda sonho descobrir a rara fonte provedora da cerotonina da vida!

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