segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Toada sincopada do tempo originário

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(Porque a reflexão pode ser mais precisa que a tomografia por emissão de pósitrons)
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"Ela: É que o o fato de lidar com prazos todos os dias no meu trabalho faz com que eu perca todos os prazos da minha vida... Aquela coisa da prescrição, sabe?
Ele: Graças aos concursos públicos!"
Quanto a mim, preferiria nem saber! A droga da prescrição que sempre me vem em forma de corte, seja de uma maneira ou de outra.
Nasce uma vida, morre uma possibilidade! Aquela história do quid pro cuo natural que acompanha a nossa existência...
De qualquer forma, não é pelos concursos públicos que se aprende que o nascer e o morrer não são dicotômicos. Particularmente, sigo acreditando que talvez eles nem sejam.
Escrever isso, e tomar ciência da vida-morte após minutos de Schopenhour e livre arbítrio, me fez trocar o café por um texto antigo, que se encontrava há tempos na via de (não) se escrever:
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Da morte e da morte em suas várias instâncias...
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Tenho pensado recentemente na auto-eutanásia enquanto procedimento terapêutico para se ter uma vida melhor - com a ressalva de que o que parece um paradoxo pode constituir a resposta certa para a xarada de tantas esfinges que nos aparecem por aí, vez ou outra. Mas considerar tal hipótese resultaria inevitavelmente em conceber antes a morte em suas várias instâncias, as quais coabitam, nem sempre sem o seu aspecto sepulcral, com formas diversas de nascimento e renascimento que nos acompanham desde a nossa chegada no mundo. O início da morte no nascimento, pensado na filosofia e até cantado na toada sincopada de uma bossa nova, seria um exemplo disso...
Mas acontece que a coisa aperta justamente em decorrência da angústia que acompanha a ideia de morte, de finitude e de solidão. De solidão? Eu não equacionaria assim, mas se a vida o faz, o que hei de dizer?
Das estrelas à alma tudo é feito de átomos, os quais possuem qualidade finita, quantidade infinita e uma infinitude de combinações. Diz Demócrito, não eu. A morte física representaria assim o fim do corpo, enquanto os átomos, então desintegrados, persistiriam eternos, indestrutíveis e, sobretudo, livres para outra forma de construção.
Mas acontece que a morte física é apenas uma dentre as instâncias disse que se compreende por morte (e por nascimento). Por consequência, a construção e desconstrução por intermédio ou não dos átomos seria, portanto, apenas um enumerado de instâncias possíveis não necessariamente limitadas à existência da matéria.
E o que isso tem a ver com a auto-eutanásia?
Pois bem, a morte necessária, voluntária ou não, conduz ao nascimento de alguma outra forma de vida - possibilidades, caminhos e circuitos que, integrados ou não, acabam por formar novas redes sinápticas que tendem a se consolidar com o tempo... até que lhes venha o encontro com uma nova morte, apagando do mapa cerebral o caminho já traçado e dando início a um novo ciclo - instável no início, mas que também tende a se consolidar com o tempo.
Hoje (e de fato eu não me recordo que dia é hoje!) eu não queria que morresse... mas tive logo pela manhã a consciência de que a consequência de se dar ao luxo de viver no tempo originário é ser submetido às peripécias do tempo cronológico.
[DERROGADO]
Não vou terminar.
Texto,
Ruim. 

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