sábado, 2 de julho de 2011

Memórias da tapeçaria...

(...)
"Há uma gota de sangue em cada poema" - o título encerra o poema, Mário! Não era preciso dizer mais nada. Vou então fumar este último cigarro e abraçar a realidade prática do meu dia... como se ela fosse uma verdade tão absurda por fora quanto me é por dentro. Bem como Ângela, sou melhor tapeceira do que cronista.  A ficção é uma aspiração intangível à qual eu me agarraria com tranquilidade se soubesse os limites a partir dos quais ela encerra a realidade. Há aqui já passados cinco anos e talvez ante o meu fim evidente eu consiguisse atar as duas pontas da vida e restaurar na... (...) bem, ainda não sou velha e tampouco carrego um ser meditativo e comatoso de lucidez mais profunda. Ainda tenho as crises de "mulherice" de Ângela, inclusive. E continuo profundamente grata à língua presa que me traz as melhores definições. Há cinco anos eramos mais próximas e eu achava que gostava de Nietzsche. Este pode ser, talvez, o primeiro sintoma da minha protovelhice. Sofrer de amor feliz é contraditório em sua insegura espera pressionada - Lasciate ogni speranza vuoi chi entrate! - Não, Beatriz não desceu até o inferno.

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